Entre o céu de tristeza e o deserto de vazio
“Não era tristeza. Era um vazio. Os tristes têm um céu.
Cinzento, mas céu.Os desesperados têm um deserto.”
(Mia Couto, A chuva pasmada)
Para quem não conhece – vale a pena conhecer – Mia Couto é um escritor moçambicano contemporâneo que tem criado uma interessante obra que fala sobre a cultura african que cada vez m,ais é mestiçada pela cultura ocidental. Mia Couto fala sobre a tentaiva de reencontrarmos as raízes que nos unem a terra a que pertendemos e os laços que nos unem como humanos.
Na frase destacada acima, retirada de um de seus livros chamado A Chuva Pasmada, Mia Couto, com delicadeza, aponta-nos a distinção entre tristeza e desespero. O triste carrega consigo o céu, cinzento, mas ainda o céu, o desesperado encontra a sua volta só deserto.
As imagens muitas vezes nos ajudam a compreender aquilo que sentimos e cujo nome ainda não encontramos. O que é estar triste? É mesmo diferente da sensação de vazio?
Fiquemos com este pedacinho da poesia de Couto e tentemos descobrir nos momentos difíceis, que imagem temos conosco: céus cinzentos? Desertos vazios? Ou que outras mais?