Pagina: ‘Vídeos e Filmes’

Estamira (Marcos Prado,2005)

“Quem já teve medo de dizer a verdade, largou de morrer?”

Estamira é diferente, toca, emociona, mexe e remexe nossos sentimentos mais profundos e transforma nossas percepções sobre a pobreza e a loucura. Vai contra a estigmatização, mas também não romantiza a realidade (…) Dá voz a alguém que tem algo importante a dizer, revela a poesia da loucura, humaniza os catadores de lixo, denuncia sem cair no clichê. E, acima de tudo, é uma verdadeira obra de arte…”

As frases acima são trechos do depoimento de Laura Lowenkron, jornalista e mestre em antropologia, sobre o primeiro documentário do diretor Marcos Prado: Estamira.

O filme, produzido em 2005,  foi vencedor de 33 prêmios, dentro e fora do Brasil, e conta a história de Estamira, uma mulher de 63 anos que trabalha como catadora de lixo há mais de 20 anos no Aterro Sanitário do Jardim Gramacho,  no Rio de Janeiro.

Estamira reúne o retrato da miséria e da loucura, mas o diretor nos convida a ouvi-la de outro lugar, mostrando o caráter poético e filosófico de suas palavras.O depoimento acima  foi  retirado do site do documentário –  www.estamira.com.br . No site, Marcos Prado conta como conheceu a protagonista do filme e o que o motivou a filmá-la. Segundo Marcos, foi Estamira quem o escolheu.

O mais interessante de Estamira é que ele questiona o valor que damos ao discurso da loucura. Ao invés de desconsiderá-lo, tomando-o como irracional ou ilógico, Prado apresenta as críticas de Estamira à forma como a sociedade está organizada.

Visite o site e conheça Estamira.

O curioso caso de Benjamin Button (Fischer, 2008)

“…porque o tempo é uma invenção da morte, não o conhece a vida verdadeira, em que basta um momento de poesia, para nos dar a eternidade inteira”.

(Mário Quintana)

Baseado em um conto de F. Scott Fitzgerald (1896-1940), publicado na década de 20, O curioso caso de Benjamin Button conta a história de um menino que nasce com a aparência de um velhinho e que rejuvenesce com o passar do tempo até chegar ao fim da vida com as feições de um bebê.

O filme nos coloca diante da possibilidade de viver a vida com um corpo que a cada dia ganha mais energia e vitalidade. O filme é longo, e a cada momento descreve as aventuras enfrentadas por Benjamin em seu percurso atípico, mas é caregado de momentos cheios de poesia, que nos levam a repensar a relação que estabelecemos com o tempo e com a forma que nos relacionamos com ele durante os anos em que vivemos.

Este desejo que às vezes nos toma de parar o tempo ou de fazê-lo voltar para trás, nos impede de experimentar o presente, percebendo o verdadeiro significado de envelhecer – e não esse que nos vendem os comerciais de produtos de beleza.

O trailer do filme pode ser encontrado no You Tube. Abaixo veja uma das cenas mais interessantes do filme, sobre a forma como a vida de cada um se cruza, e aprecie também algumas palavras de uma das últimas cenas do filme…

“Algumas pessoas nascem para sentarem na beira do rio… Algumas são atingidas por raios…Algumas tem ouvido para música… Algumas são artistas… Algumas nadam… Algumas entendem de botões… Algumas conhecem Shakespeare… Algumas…são mães! E algumas pessoas…dançam!”

A Janela da Alma (João Jardim e Walter Carvalho, 2002)

Sob o olhar da câmera, dezenove pessoas com diferentes tipos e graus de deficiência visual, relatam suas experiências e impressões sobre o olhar: como veem o mundo? Como o percebem? Como se veem? Será que o mundo que eu vejo é o mesmo que você vê? E ainda que enxergássemos exatamente as mesmas cores e formas, o modo como compreenderíamos estas imagens seria o mesmo? 

O documentário traz à tona estas estas questões, e mais do que respondê-las, busca provocar nosso olhar para estas e outras perguntas. Delicado e ao mesmo tempo denso, “Janela da Alma” é um convite para transformar o olhar…

Assista um dos trechos, em que o entrevistado é o escritor português José Saramago.

“Se o Romeu da história tivesse os olhos de um falcão, provavelmente não se apaixonaria pela Julieta.”

(José Saramago)

Na Natureza Selvagem (Sean Penn, 2007)

“A felicidade só é real se compartilhada…”

Baseado na história de Christopher McCandless, “Na natureza selvagem” (“Into the wild”) apresenta as aventuras de um jovem americano recém-formado, que decide partir em uma viagem solitária rumo ao Alasca. As experiências que ele vive no caminho provocam reflexões sobre o próprio sentido da viagem, que se transforma conforme ele caminha e conhece novas pessoas.

Sean Penn faz uso de um recurso interessante: divide o filme em capítulos. Cada um desses capítulos corresponde a uma fase da vida, como o nascimento, a infância, a adolescência, etc. A viagem de Christopher transforma-se em metáfora de como caminhamos pela vida, sempre em contato com o inesperado, conhecendo nossos medos, mudando de lugar…

O filme permite reflexões sobre diversos temas, mas um que se destaca é o que diz respeito a forma como nos colocamos na vida, se dirigidos para um objetivo a ser alcançado um dia – a felicidade, de forma geral – ou se descobrindo aquilo que o caminho, o presente, nos oferece…

Assista o trailler! Vale a pena adentrar nesta aventura “into the wild”… 

Ensinando a Viver (Menno Meyjes, 2007)

“A solução para esse absurdo que se chama “eu existo”,
a solução é amar um outro ser que,
este, nós compreendemos que exista.”
(Clarice Lispector)

“Ensinando a viver” conta a história de um homem viúvo que adota um menino cheio de estranhas manias. Ninguém entende o porquê desta escolha. Dentre tantas crianças, por que optar por um menino com tantas dificuldades em relacionar-se?

Conquistar o direito de adotá-lo transforma-se em um desafio.Perante a lei não é comum que um homem queira educar sozinho um menino, e as formas de se aproximar que “pai” e “filho” vão descobrindo aos poucos, nem sempre agradam às autoridades. O interessante é notar que aos poucos essa busca por permanecer junto, se transforma em um processo de aprender e ensinar… O contato com o outro, com  o diferente, com aquele que nos parce mais estranho, faz-nos olhar para aquilo com que estamos acostumados de outra maneira. Ensinar pode ser uma ótima oportinidade de aprender…sobre quem somos e sobre o que sentimos.

Assista o filme e deixe a sua opinião!

Assista aqui: “A maior flor do mundo”

“A maior flor do mundo” é o único livro do escritor português José Saramago para crianças. No entanto, ele mesmo ressalva que não sabe como escrever para este público e sugere que, nós, adultos, leiamos esta história também… e mais que talvez caiba a alguma criança que a ouça reescrevê-la.

“E se as histórias para crianças passassem a ser de leitura obrigatória para os adultos? Seriam eles capazes de aprender realmente o que há tanto tempo têm andado a ensinar?”

A animação acima dá forma e imagem à história de Saramago. A produção é espanhola e o texto encontra-se em castelhano, mas as imagens dispensam às palavras e mesmo quem não compreende o idioma é capaz de participar da história inventada em que um menino não poupa esforços para garantir que sua flor – a maior do mundo – cresça…

“quando ele passava pelas ruas, as pessoas diziam que ele saíra da aldeia para ir fazer uma coisa que era muito maior do que o seu tamanho e do que todos os tamanhos (…) E é essa a moral da história”.

Fica aqui também o convite para conhecer a história nas palavras do autor, que carrega metáforas e reflexões que o filme nao abarca. A versão brasileira de “A maior flor do mundo” foi publicada pela Companhia das Letrinhas.

Assista aqui: “Laços Humanos”

“Com que inocência demito-me de ser
eu que antes era e me sabia
tão diverso de outros, tão mim-mesmo,
ser pensante, sentinte e solitário
com outros seres diversos e conscientes
de sua humana, invencível condição.”

(Carlos Drummond de Andrade)

Vivemos em uma sociedade em que constantemente nos batem à porta oferecendo o carro mais potente, a TV mais moderna, o computador mais avançado. Somos sempre chamados a consumir.

O que mais assusta é que essa mesma lógica vai tomando conta das relações sociais. Os mesmos anúncios que nos ofereciam eletrodomésticos e produtos de ponta, passam a nos oferecer o corpo ideal ou o par perfeito.

“Zygmunt Bauman” oferece sua reflexão e nos convida a pensar sobre o tipo de relações que estabelecemos – ou pretendemos – dentro de um contexto de individualismo e de artificialização das relações.

O que você tem a dizer sobre isso?

Assista aqui: “Frosty”

“É o tempo da travessia.
E se não ousarmos fazê-la,
teremos ficado, para sempre,
à margem de nós mesmos.”
(Fernando Pessoa)

“Frosty”  é um vídeo de animação brasileiro que dispensa muitos comentários. Ele traz uma metáfora simples a respeito daqueles que, incomodados com a situação em que se encontram, sonham em “mudar de lugar”, em conhecer outras possibiçidades de estar na vida, mas por receio daquilo que possa acontecer, permanecem no mesmo lugar.

Assista até o final e responda: o lugar em que estamos é realmente mais seguro do que aqueles tantos outros que podemos buscar?

Assista aqui: “Casa de Máquinas”

“Casa de Máquinas” é um vídeo em que o simples e o complexo se misturam, produzindo um efeito carregado de poesia, delicadeza e beleza.

Um movimento – o ato de “dar corda” – produz uma série de outros,  encadeados, que garantem o movimento final. Tudo que se dá  na Casa de Máquinas de qualquer prédio garante que o edifício inteiro funcione, mas em geral, está escondido dos olhos dos que frequentam o lugar. Da mesma forma, a série complexa de movimentos é invisível a quem propulsiona a caixinha com o primeiro estímulo.

O filme não induz, mas desencadeia uma série de reflexões!

Para dar início, apenas uma pergunta: o que nos move?

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