Onde moram os lobos?


Teo não gostava de lobos. Leo muito menos. Ao passo que quanto menos Teo e Leo desejavam encontar um lobo em sua frente, mais lobos os perseguiam pelas costas.
E acordavam todos os dias assim, e tomavam cafezinho todos os dias assim, e assistiam o futebol todos os domingos assim, e andavam para frente todos os dias assim, pensando que andavam pra frente desse modo, não notando que de todos os lugares por onde tinham passado, os lobos só não haviam ainda lhes devorado as pernas.
Teo e Leo em mesas de bar, em frente a mulheres, se diziam corajosos e corajosos se tornavam para quem estivesse em sua frente. Mas, sabe a trena que mede a coragem, que tal medida se dá pelo tamanho das costas e não pelo tamanho da língua. E as costas de Teo e Leo já nem se viam mais, tomada pelos lobos que lhes subiam na garupa.
Convidando Teo e Leo para se curvarem para consciência, refletiram: Quem é o medroso maior do que o próprio medo? O medo tem tanto medo de ser encontrado que não dá seu nome, não dá a mão, nem três beijinhos, não se apresenta. O medo que não tem cara de olhar nem na cara daquele que assusta. O medo é medroso, por isso corria atrás de Teo no corredor escuro e atrás de Leo, quando pensava no futuro.
Convite aceito. Teo e Leo perceberam a importância de otimizarem seus passos. Deixaram de correr de medo para andarem tranquilamente, com a coragem impulsionando os pés. Mirando os sonhos pendurados no horizonte. Reconhecendo que a fome dos lobos não é a sua fome e que quando param de alimentá-los, a própria fome que sentem é capaz de engoli-los.
Teo e Leo continuam sem saber de onde vêm os lobos, mas sabem que assim é que eles vão para o beleléo.

por Karla Jacobina

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