Distimia: depressão ou mau-humor?

Ilustração: Priscilla Camacho

Ilustração: Priscilla Camacho

 “A distimia é mais frequente em mulheres, mas atinge os homens também.
As pessoas distímicas tem uma maior chance de desenvolver quadros depressivos
e necessitam de tratamento para que tenham uma melhor qualidade de vida.”

Todos nós, dependendo do que aconteceu em nosso dia ou do momento pelo qual estamos passando, ficamos mau-humorados, irritados ou sem vontade de fazer as nossas atividades. No entanto, este mau-humor pode tornar-se um problema e nos trazer prejuízos quando ele se estende por um tempo tão longo a ponto de sermos considerados por nosos amigos, familiares e, por fim, por nós mesmos, como chatos, ranzinzas, desinteressantes ou mau-humorados.

Muitos de  nós conhecemos alguém com essas características, o que muitos não sabem, no entanto, é que a pessoa que apresenta este  tipo de comportamento pode estar desenvolvendo um transtorno psiquiátrico conhecido como distimia. A distimia é descrita como um quadro de humor deprimido (tristeza ou irritabilidade) que se estende por, no mínimo, dois anos. Devido ao caráter crônico, o diagnóstico nem sempre é fácil, primeiro porque é preciso que os sintomas perdurem até que se possa confirmar a presença do transtorno, e em segundo lugar, porque por conviver com as características por muito tempo a pessoa passa a considerar que “sempre foi assim” e não busca tratamento. Isto se agrava naqueles em que a distimia surge ainda na infância, o que não é comum  – em geral, os primeiros sintomas aparecem na adolescência – mas pode acontecer. Nas crianças com humor irritado  basta que os sintomas perdurem por um ano para que se faça o diagnóstico.

Além da tristeza ou irritabilidade constante, para que seja considerada distímica é preciso que a pessoa apresente pelos menos dois dos seguintes sintomas:

  • alteração de apetite
  • insônia ou sono excessivo
  • cansaço (sem causa objetiva)
  • baixa auto-estima
  • dificuldade em tomar decisões ou em concentrar-se
  • sentimentos de desesperança

Estes também são os sintomas presentes nos episódios depressivos maiores, uma vez que a distimia está relacionada a processos neurais próximos aos que induzem à depressão, no entanto, o distímico diferencia-se daquele que apresenta a depressão em sua forma mais tradicional pela cronicidade dos sintomas. Ao contrário do distímico, o depressivo apresenta episódios mais delimitados, ou seja, a pessoa não tem alterações significativas de humor durante boa parte de sua vida até que entra em depressão apresentando os sintomas descritos acima.

A pessoa com  distimia também apresenta sentimentos de inadequação social, perda generalizada do interesse ou prazer por atividades geralmente prazerosas, retraimento social e sentimentos de culpa. Estes sintomas levam a uma diminuição da atividade, efetividade ou produtividade seja no âmbito pessoal ou do trabalho, o que termina por gerar sofrimento e prejuízos sociais e materiais.

 A distimia é mais frequente em mulheres, mas atinge os homens também. As pessoas distímicas tem uma maior chance de desenvolver quadros depressivos (episódios depressivos maiores) e necessitam de tratamento para que tenham uma melhor qualidade de vida e evitem um agravamento de sua condição. O tratamento deve associar intervenções psiquiátricas e psicológicas. O uso de antidepressivos, receitados pelo psiquiatra, proporcionam melhor equilíbrio emocional e interrompem os sintomas que traziam incômodo para pessoa e para aqules que com ela conviviam. A psicoterapia é  parte importante do tratamento porque, em geral, a distimia traz muitos prejuízos no campo das relações sociais e a pessoa precisa aprender a lidar com as consequências geradas pelos comportamentos apresentados por conta do transtorno.

Identificar e tratar a distimia fica mais fácil quando temos informação sobre o assunto, por isso, caso conheça pessoas que apresentam características que sugerem a presença desse transtorno, não deixe de procurar ajuda. A Clínica Tânia Houck conta com equipe especializada neste tipo de tratamento.  

Para você que é profissional de saúde e quer saber mais sobre o tema, clique no link abaixo:

Distimia: características históricas e nosológicas e sua relação com o transtorno depressivo maior

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