Assista aqui: “Cook, mug, Cook!”
“Vai, vai fazer o café enquanto eu dou uma arrumação a este caos,
e então aconteceu o inaudito,
como se não desse importância às palavras que lhe saíam da boca
ou como se não as entendesse completamente, ela murmurou,
O caos é uma ordem por decifrar…”
(José Saramago)
O curta de animação do tcheco Jiri Barta, produzido em 2007, se passa em um universo paralelo. Onírico? Virtual? Lúdico? O diretor não se preocupa em escolher; fica com as três opções: ora o mundo em que objetos e pessoas orbitam uns em torno dos outros está dentro de uma casinha de brinquedo, ora parece ser cenário dos sonhos de um homem de pijamas em sua cama, ora acontece na tela do computador em uma janela que não quer fechar.
Na dúvida sobre que lugar é esse, fica-nos a possibilidade de que o mundo seja este aqui, o mesmo em que vivemos. Este universo, aparentemente ordenado, talvez contenha mais caos em si, do que imaginamos. No curta, é possível ver a ordem e a rotina estabelecidas em um espaço caótico. As relações que parecem estar desligadas umas das outras encontram ressonâncias quando em um contexto se dá, por acidente, uma quebra da ordem estabelecida. Este pequeno acidente, gera consequências – caóticas – em todas as outras relações que o orbitavam, inicialmente, em paz. Tudo se transforma e novas relações se estabelecem.
A sinopse soa confusa mas vale a pena conferir o curta de Jiri Barta, que ilustra temas amplamente discutidos por físicos e filósofos: a relação entre ordem e caos. Estas questões, ao mesmo tempo que se aplicam à ordem do universo e das coisas que o compõe, têm íntima relação com a esfera individual, e é justamente esta relação entre macro e micro que permite que caos e ordem convivam em aparente harmonia.