Pagina: ‘Vídeos e Filmes’

Peixe Grande e suas histórias maravilhosas (Tim Burton, 2003)

“Um homem conta suas histórias tantas vezes
que ele se mistura a elas e elas sobrevivem a ele,
e é desse jeito que ele se torna imortal”.

O lançamento recente de um novo filme de Tim Burton (“Alice no país das maravilhas”), nos convida a relembrar um grande sucesso desse diretor: “Peixe Grande e suas histórias maravilhosas”. O filme, não teve a repercussão esperada nas bilheterias de cinema, mas muitos dos que assistiram, afirmam que é um filme capaz de balançar  nossa forma de olhar para as relações entre realidade e ficção.

“Peixe Grande” é uma história a respeito das histórias que contamos sobre nós. O protagonista do filme acha que nunca soube realmente nada sobre o passado de seu pai, pois as histórias que ele contava sobre si mesmo, eram fantasiosas… Mas não estaria a ficção, repleta de realidade? E mais, não estaria aquilo que contamos acreditando ser descrito do modo mais fiel ao que nos aconteceu, recheado de ficção?

Os homens são seres ficcionais, são dotados da capacidade de imaginar. As histórias que contamos sobre nós são as histórias de nossas experiências e só podem ser comunicadas aos outros se permitirmos que elas saiam de nossas bocas coloridas com as imagens que carregamos há muito tempo. História sem ficção é história sem cor, sem sabor, não transmite experîência, mas apenas um amontoado de informações. O convite que fica não é para mentirmos, nem inventarmos afirmações absurdas, mas para descobrirmos o que a de belo e de poético no passado de que fizemos parte.

Vale a pena assitir e depois olhar para a nossa própria história e para a forma como temos nos narrado aos demais. Será que nos relatamos apenas como uma série de fatos e números que se seguem uns aos outros ou prestamos atenção à aventura de que fazemos parte?

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O Fabuloso Destino de Amélie Poulain (Jeunet, 2001)

Dirigido por Jean-Pierre Jeunet e lançado em 2001, “O Fabuloso Destino de Amélie Poulain” é hoje um dos filmes franceses mais conhecidos no Brasil. Com trilha sonora encantadora, produzida por Yann Tiersen e com a atriz Audrey Tautou no papel da protagonista, o filme conta a história de uma jovem tímida e solitária que ao descobrir uma caixinha antiga escondida na parede de seu apartamento empreende uma busca cheia de estratégias inusitadas para encontrar o dono do objeto e devolver-lhe pequenas relíquias da infância que estavam guardadas na caixa.

Esta tarefa transforma sua visão de mundo e a desperta para o prazer de ajudar diversas pessoas que estão ao seu redor, seja no prédio, na rua ou na lanchonete em que trabalha. Porém as formas de se aproximar de cada um, nunca são convencionais, ao contrário são dotadas de criatividade e extrema sensibilidade. Mas não estará ela esquecendo-se de alguém que também precisa de ajuda, que também guarda segredos, medos e fantasias?

Ao procurar transformar a vida dos outros, Amélie, por acaso, transforma também sua própria existência.

Assista o trailer abaixo, conheça o filme e deixe seus comentários!

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O Menino do Pijama Listrado (Herman, 2008)

“O menino do pijama listrado”, filmado pelo inglês Mark Herman é uma adaptação do livro de John Boyne que leva o mesmo título. Com cenas carregadas de sensibilidade o filme mostra a Alemanha nazista interpretada pelo olhar de uma criança de oito anos que se surpreende com os preconceitos do mundo adulto e com as atitudes de seu pai, um oficial nazista que ao ser promovido muda-se com a família para as imediações de um campo de concentração.

Aos poucos Bruno, o protagonista do filme, descobre que o grande campo aos fundos de sua casa não é uma fazenda e que os moradores de lá não vestem pijamas. A trama nos convida a recuperar o olhar infantil que se espanta, se surpreende, que pergunta – sem encontrar resposta  – onde está a diferença entre alemães e judeus.

Ampliando a proposta do filme, podemos encontrar diversas situações cotidianas em que se faz necessária uma retomada deste olhar ingênuo, antes de temos atitudes preconceituosas ou tomarmos como certas, verdades com as quais não tivemos nenhuma experiência pessoal.

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Assista aqui: “Nublado” (Partly Cloudy – Pixar, 2009)

Para assistir este vídeo em melhor resolução, clique aqui.

Este vídeo, produzido pelo estúdios Disney em 2009, retrata muito bem as experiências e sentimentos de uma nuvem que vive “nublada”, em meio a outras que experimentam um céu limpo e claro.  Recuperando a lenda da cegonha, que vai traz do ceú os bebês – e neste caso, também os filhotes de diversos animais – a animação mostra que quando nos supomos abandonados podemos estar cometendo um engano.

Às vezes aquilo que consideramos um descaso, indiferença ou intolerância por parte do outro é apenas o recurso que ele precisa para poder conviver conosco da forma que somos, aceitando nossas carcaterísiticas que por vezes o machucam. Conviver com as diferenças do outro não é tarefa fácil. Será que temos dado espaço àqueles que nos cercam para que se protejam daquilo que em nós os incomoda?

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Assista aqui: “O Perigo da História Única” (2009)

“A consequência da história única é isto: rouba as pessoas da sua dignidade. Torna o reconhecimento da nossa humanidade partilhada difícil. Enfatiza o quanto somos diferentes em vez do quanto somos semelhantes.”

(Chimamanda Adichie)

O vídeo acima traz uma palestra proferida em julho de 2009 pela escritora nigeriana Chimamanda Adichie. A autora fala sobre o perigo de conhecermos apenas uma versão sobre a história de um lugar. Conhecer apenas uma história sobre uma cultura ou pessoa é o que alimenta os preconceitos sobre as etnias ou sobre os indíviduos.

Ela cita vários exemplos de sua própria história em que sentiu o efeito de conhecerem apenas uma história sobre a África, em que se enfatizam as catástrofes que assolam o continente e não se ressaltam as diferenças entre cada país africano e as características positivas do povo, da cultura e da economia do continente. Chimamanda aponta que a “história única” produz estereótipos e embora os estes nem sempre sejam mentirosos, eles são “incompletos”: tendem a colocar uma lupa sobre as diferenças entre as pessoas de culturas diferentes, enquanto as semelhanças, que talvez sejam muito maiores, ficam invisíveis.

A escritora fala sobre o efeito da “história única” para a etnia, mas podemos ampliar a sua fala para toda forma de preconceito. O preconeceito surge, geralmente, quando não nos permitimos fazer experiências com as pessoas e definimos quem elas são apenas a partir das histórias que ouvimos sobre sua etnia, seu estilo, seu gênero, sua faixa etária, etc.

O apelo de Chimamanda é de que procuremos ouvir mais histórias sobre as pessoas e culturas e não nos contentemos com o que nos conta a mídia ou o jornal. Cada um é uma história que está sendo contada. Ouçamos primeiro, antes de tirarmos conclusões.

(Atenção: Clique em View Subtitles – abaixo do vídeo –  para ver as legendas do texto.)

Assista aqui: “Helium”

“Em algumas ocasiões, ouço,
por trás de uma mensagem que superficialmente parece pouco importante,
um grito humano profundo, desconhecido e enterrado muito abaixo da superfície da pessoa.”
(Carl Rogers, psicólogo americano)

“Helium” é uma animação criada em 2005 pelo americano Tom Kyzivat. O vídeo mostra dois personagens com posturas bastante diferentes.  Enquanto um representa o típico mau-humorado, o outro, com seu balão, está definitivamente bem. Quando estão em relação, o comportamento de um passa a interfirir no do outro. A questão é: quem se deixará contagiar pela sensação alheia?

O vídeo, apesar de ilustrar uma situação bastante simples, pode nos levar a pensar sobre como deixamos que os outros com quem convivemos interfiram e transformem nosso humor e nossa postura em relação aos problemas do cotidiano. Fica a sugestão de, ao invés de nos irritarmos com aqueles que nos causam algum incômodo e logo passarmos a nos comportar como eles, buscarmos compreender o porquê deste comportamento que nos perturba, para procurar transformá-lo, de modo que tanto nós quanto o outro nos sintamos bem.

Difícil? Talvez. A tendência é logo pereder a paciência e responder ao mau humor do outro com a mesma moeda. Mas vale estar atento, buscar escutar o outro: às vezes o que parece puro mau humor ou implicância é uma forma de pedir ajuda, atenção ou um cuidado.  Concorda?

Assita o vídeo e deixe a sua opinião!

V.I.D.A. (Geison Ferreira e Vinícius Zinn, 2008)

“No início a minha família não entendia… 
Pelo fato de eles não entenderem
que a pessoa se isola por motivo de uma doença
eles acabam cobrando, e aquilo é pior…”

(Ana Maria Saad, em entrevista concedida a Rede Record)

A atriz Ana Maria Saad encontrou em sua história de vida a inspiração para escrever o roteiro e atuar no curta-metragem V.I.D.A. como protagonista de uma história que fala sobre depressão e suicídio. No filme, Ana  – a personagem leva o primeiro nome da atriz – convive com a depressão há alguns anos, o que traz dificuldades de relacionamento com a irmã e com a filha. Para lidar com o transtorno ela organiza um grupo de pessoas com a mesma questão, que se reúne regularmente e troca experiências sobre os sentimentos que experimenta no decorrer dos dias.

O curta não se propõe a apresentar uma solução ou tratamento para a depressão, mas em alertar os espectadores em relação a doença e em abordar a dificuldade que a pessoa com depressão tem em fazer-se compreender pelos outros, em especial pela família.

No site em que está postado o curta, também podem ser lidos depoimentos de pessoas que enfrentaram a depressão e quiseram compartilhar suas histórias.

Assita aqui ao curta V.I.D.A. e deixe seus comentários.

O Labirinto do Fauno (Guillermo Del Toro, 2006)

Ofélia é uma menina de 10 anos que vive na Espanha, na década de 40, num período que se segue a Guerra Civil. Seu padastro é um oficial fascista que reprime com violência os atos dos rebeldes que ainda lutam pela liberdade. A mãe, grávida, sofre com a frieza e com os maus-tratos do marido que se estendem também a Ofélia.

Presa nesta realidade que assusta, Ofélia descobre o acesso a um gigantesco labirinto e adentra em mundo que muito se assemelha ao das fábulas que a menina costuma ler. Percorrendo um caminho cheio de fantasia e de enigmas, ela cruza com o Fauno, uma figura mítica que corresponde a uma mistura de homem e bode, que lhe revela uma outra identidade: Ofélia seria a filha desaparecida do rei das fadas, e portanto, uma princesa, mas para recuperar o reino do pai ela terá que executar três tarefas. 

O diretor de “O Labirinto do Fauno”, Guilhermo Del Toro, não deixa claro o que é realidade ou fantasia no caminho que Ofélia percorre. A história nos aparece pela ótica da menina, que acredita no mundo mágico que encontra. Essa confiança na realidade do labirinto é o que permite que Ofélia sobreviva em meio a tanta frieza. A fantasia, o lugar da imaginação, é o labirinto através do qual podemos encontrar uma realidade releta de símbolos e de personagens que nos apresentam a vida real de uma forma que não nos assuste tanto, ou que ao mesmo tempo que assuste nos forneça as armas pelas quais podemos nos defender.

O filme, cujo trailler você pode conferir abaixo, foi sugerido por um dos usuários da Clínica Tânia Houck e leitor do Espaço Conhecer.

 Assista e comente!

Um beijo roubado (Wong Kar-Wai, 2007)

“É como o meu diário. Eu posso olhar para o passado
e fico pasmo com o quanto eu perdi…e que passou bem na minha frente.”

“Um beijo roubado”, dirigido pelo chinês Wong Kar-Wai, tem início quando Lizzy encontra o namorado com outra mulher em um restaurante de Nova York. Sem coragem para encará-lo ela decide sair da cidade, mas antes deixa, no mesmo restaurante, as chaves de seu apartamento caso o ex-namorado queira buscar seus pertences. É então que ela conhece Jeremy, o solitário dono do local, que tem o costume de guardar as fitas da câmera de segurança do restaurante para assisti-las depois. Ele se encanta com Lizzy, mas mesmo assim ela parte.

Em sua viagem a protagonista conhece outros personagens e acompanha a dor de cada um. O alcoolismo, a morte e a separação, entre outros, são os dramas com que Lizzy se confronta até estar de volta à Nova York.

O filme garante histórias com as quais podemos nos identificar. Além disso, no restaurante de Jeremy, além das tortas de Blueberry com que Lizzy se delicia, servem-se imagens que nos levam a refletir sobre as relações que estabelecemos com os outros e a forma como lidamos com os acontecimentos do cotidiano, para os quais nem sempre damos atenção. Às vezes, nos roubam um beijo e nem notamos, ou só percebemos a importância de uma relação – familiar, de amizade ou de amor – quando já não as temos mais.

Assista aqui: “Cook, mug, Cook!”

“Vai, vai fazer o café enquanto eu dou uma arrumação a este caos,
e então aconteceu o inaudito,
como se não desse importância às palavras que lhe saíam da boca
ou como se não as entendesse completamente, ela murmurou,
O caos é uma ordem por decifrar…”

(José Saramago)

O curta de animação do tcheco Jiri Barta, produzido em 2007, se passa em um universo paralelo. Onírico? Virtual? Lúdico? O diretor não se preocupa em escolher;  fica com as três opções: ora o mundo em que objetos e pessoas orbitam uns em torno dos outros está dentro de uma casinha de brinquedo, ora parece ser cenário dos sonhos de um homem de pijamas em sua cama, ora acontece na tela do computador em uma janela que não quer fechar.

Na dúvida sobre que lugar é esse, fica-nos a possibilidade de que o mundo seja este aqui, o mesmo em que vivemos. Este universo, aparentemente ordenado, talvez contenha mais caos em si, do que imaginamos. No curta, é possível ver a ordem e a rotina estabelecidas em um espaço caótico. As relações que parecem estar desligadas umas das outras encontram ressonâncias quando em um contexto se dá, por acidente, uma quebra da ordem estabelecida. Este pequeno acidente, gera consequências – caóticas – em todas as outras relações que o orbitavam, inicialmente, em paz. Tudo se transforma e novas relações se estabelecem.

A sinopse soa confusa mas vale a pena conferir o curta de Jiri Barta, que ilustra temas amplamente discutidos por físicos e filósofos: a relação entre ordem e caos. Estas questões, ao mesmo tempo que se aplicam à ordem do universo e das coisas que o compõe, têm íntima relação com a esfera individual, e é justamente esta relação entre macro e micro que permite que caos e ordem convivam em aparente harmonia.

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